Elaborado pelo atual presidente da ONG, então coordenador da extinta Escola Cenecista de Taquara, Airton Schirmer, o Projeto: "SE TU LUTAS TU CONQUISTAS" atendia os bairros Santa Maria, Tito e Eldorado, entre os anos de 2005 e meados de 2007.
Após o afastamento das salas, por conta do trágico falecimento de sua filha, Jenifer, Airton foi buscar refúgio em uma Escola de periferia e “fora de rota”. Embora fosse professor de matemática habilitado, o acordo com a escola consistia em trabalhar no laboratório de Informática, evitando ao máximo o contato direto com as crianças. Porém, em função da saída de quatro professores, já no primeiro semestre de 2009, devido ao comportamento nada amistoso dos alunos, o professor atendeu aos apelos da direção e voltou a lecionar.
Airton não adotava o chamado espelho de classe, onde os alunos se colocavam em fila. Nas suas aulas, mesmo que por apenas um período, sempre dispunha a turma em “U” para que todos pudessem se ver e proporcionar um espaço ele circular entre eles. Dessa forma as aulas fluíam melhor, afinal o sistema privilegia o trabalho em equipe e anula possíveis subgrupos, além das aulas serem bem mais divertidas.
Numa dessas aulas, enquanto eram passados exercícios no quadro, alguns alunos, aproveitando o espaço “amplo” no meio da sala, jogavam-se ao chão e começavam a fazer piruetas de hip-hop. Obviamente que todos corriam para seus lugares enquanto os demais fingiam prestar atenção, quando o professor voltava os olhos para a turma.
Após algumas tentativas inúteis de continuidade das aulas de cálculos, um acordo entre as partes foi a solução do impasse: Formar um grupo de Hip Hop com as aulas práticas sobre geometria, noções de espaço, ponto, reta e plano, onde as avaliações seriam implícitas!
Inicialmente, a maioria dos alunos não entendeu muito bem, mas aceitaram a proposta.
Tudo começou dentro de uma aula de matemática do 5º ano.




Foi nesse contexto que recomeçou a ação tão valorosa para a cidade de Taquara, idealizada e posta em prática pelo Professor Airton e sua família: Projeto Aprendizes. O referido acordo previa períodos de conteúdo normal da matemática intercalados com a montagem de uma coreografia. Aquele ano letivo foi extremamente positivo!
Os aprendizes continuavam a ensaiar por conta própria nos horários de recreio, sem nem mesmo ter música. Até que o destemido professor começou a deixar de lado seu próprio descanso para colocar música para seus pupilos, sem deixar de apreciar seu inseparável café.
Essa movimentação seguia e, muitas vezes, precisou transpor algumas barreiras burocráticas impostas pela própria escola. Porém, seguia. A ação estava se desenvolvendo num dos bairros com um dos maiores índices de violência do município e, infelizmente, havia muito preconceito com o Hip Hop.
Os excelentes resultados obtidos, principalmente com a inclusão de alunos de séries diversas (pré-escola até 8º ano) e de ambos os turnos, proporcionou uma série de avanços, tais como:
- Os ensaios foram transferidos para o barracão da comunidade e fora do horário escolar
- Uma parceria com a Associação de Bairro e a negociação de horários com a diretoria da Igreja (mantenedora do barracão);
- Início de um trabalho de voluntariado e de prevenção a violência;
- Educação “pós-escola” incluído a comunidade;
- Combate à discriminação racial;
Projeto Aprendizes.





“As vezes, para que algumas ações educativas tenham
um alcance mais amplo é preciso tirar a escola de dentro
da escola, e depois trazê-la de volta”.
Considerando que um dos objetivos do Projeto Aprendizes é trabalhar a inclusão, mesmo aqueles alunos não regulares passaram a fazer parte do grupo, fazendo com que, definitivamente, o projeto passasse a pertencer à comunidade, inclusive possibilitando a aproximação pessoas de bairros tidos como rivais, levando os próprios pais e demais familiares a também a participarem dessa construção.
Entre os anos de 2010 e 2012, o projeto alcançou um número aproximado de 500 integrantes em seu grupo de dança, entre crianças com ou sem idade escolar, adolescentes, jovens e adultos. Nesse período, houve a sua inclusão no Lar Padilha (Instituição Estadual de Acolhimento para Crianças e Adolescentes), sendo replicado sua estrutura e princípios na íntegra.
Nossas oficinas e apresentações são uma mescla de Hip Hop intercalada por um poema. Sem dúvidas, é o maior e talvez um dos melhores grupos de dança de rua em atividade da região. A ONG trabalha para evoluir não só no Hip Hop e na dança, mas também como equipe e pessoas.
Os ensaios ocorrem semanalmente por meio de monitores formados neste processo, com o monitoramento pelo comportamento e aproveitamento escolar dos alunos integrantes do grupo.
O fato é que o projeto “vingou” e se alastrou pela não só na cidade de Taquara, alcançando outros municípios vizinhos ou mesmo distantes aonde regularmente a ONG Vida Breve é chamada para apresentações, oficinas ocasionais e palestras sobre nossos objetivos e metodologia.
Ao longo dos anos que compõem nossa História, as Faculdades Integradas de Taquara (FACCAT), juntamente com a Administração Municipal de Taquara, se consolidaram como nossas principais parceiras. No ano de 2016, também contamos com o Apoio do Grupo Fadas do Bem.
Hoje, alcançamos 400 Alunos em Zona de Vulnerabilidade atendidos semanalmente.
Nossas PARCERIAS ATUAIS são Rede Müller Supermercados, Assesso Contabilidade, SER Assessoria, Justiça do Trabalho de Taquara, bem como continuamos com o apoio fundamental da FACCAT e Administração Municipal (SMECE).
Inseridos neste trabalho estão também 11 Escolas, uma Faculdade, e 09 Comunidades, incluindo 02 Distritos nos Municípios de Taquara.
A iniciativa de mesclar poemas que intercalam as coreografias é para quebrar barreiras e preconceitos quanto à arte do Hip Hop que ainda persistem em nossa Sociedade, para levar o Movimento VIDA BREVE onde quer que estejamos; e também para mostrar que Deus, independe de crenças, raças e cultura, e pode estar presente em qualquer que seja o lugar.
Diariamente ainda lutamos contra barreiras políticas, religiosas e discriminatórias, pois ainda existem Pessoas, Escolas e Autoridades que não entendem ou não praticam o significado de um processo chamado Inclusão Social.